O
segundo grupo, composto pelos empresários, em geral têm maior autonomia. A
frente de seus negócios, criados ou herdados, tornam-se uma espécie de lenda
viva na organização, mesmo que já tenham passado o bastão para a próxima
geração. Antônio Ermírio de Moraes e Abílio Diniz fazem ou fizeram parte deste
grupo. Já os executivos têm contra si os estatutos e regulamentos das empresas,
os quais fixam a idade máxima para se aposentar.
Quem
conviveu anos ou décadas com secretárias, motoristas, combustível pago, planos
de saúde de primeira linha e um cartão de visitas que abria portas e convites,
tornar-se um simples mortal do dia para a noite pode ser um forte baque caso
não esteja preparado. Ir ao banco, ao correio, revisar o carro, consertar o
computador e anotar os recados, podem ser tarefas interessantes nas primeiras
semanas.
Comparo
a carreira de um executivo ao ciclo de vida de um produto, composto por quatro
fases: introdução, crescimento, maturidade e declínio, o qual tem se tornado
cada vez mais curto, face às inovações, tecnologias, globalização,
competitividade e consumismo. Já se foi o tempo em que fogões e geladeiras
duravam décadas na cozinha de nossas mães. Hoje compramos um computador, smartphone,
eletrodoméstico ou veículo, já sabendo que em alguns meses ou anos estarão
ultrapassados, seja em design ou desempenho.
As
carreiras inexoravelmente seguirão o mesmo movimento, onde cabelos brancos e
óculos para presbiopia, também conhecida como vista cansada, deixarão de ser
sinônimo de experiência adquirida, adquirindo conotações negativas. Neste
cenário de maior expectativa de vida e menor tempo útil como profissional,
desenvolver uma nova ocupação torna-se essencial aos profissionais precavidos e
cientes de que diferentemente do veículo Gol, não poderão renovar-se
eternamente em novas versões para se manterem no mercado.
Acredito
que não haja uma hora mais correta ou adequada para se pensar no assunto, porém
deixá-la para a fase do declínio pode não ser uma boa estratégia, haja vista
alguns projetos consomem anos para tornarem-se realidade ou prover um retorno
financeiro satisfatório, caso não consiga viver com as reservas acumuladas
durante o período como executivo. Abrir um negócio, tornar-se consultor,
conselheiro ou professor são atividades que requerem preparo e dedicação
prévia.
Talvez
uma boa estratégia seja aproveitar os últimos anos em que esteja na empresa,
seja ou não por vontade própria, para começar a colocar seu plano B em prática.
O contracheque garantido no final do mês e a rede de relacionamentos podem
ajudá-lo a planejar a transição com mais calma, esteja sozinho ou com o
acompanhamento de um mentor. Ter uma nova atividade ou carreira certamente
ajudará na perda do sobrenome corporativo, seja por aposentadoria ou demissão
de profissionais seniores, comum em épocas de redução de custos. Bento XVI
ensinou com a humildade de seu ato que devemos saber a hora de parar, assim
como somos senhores de nosso destino, mesmo que este seja a clausura.
Por Marcos Morita,
Nenhum comentário:
Postar um comentário