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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Alta performance em períodos de crise.

O artigo aborda oito lições inspiradoras para melhorar o desempenho em períodos de crise e maximizar oportunidades

Períodos de crise são desafiadores. Provocam tensão, medo e sentimentos intensos. Exigem coragem e determinação. São momentos propícios para desafiar a criatividade, experimentar o inusitado, desenvolver a autoconsciência e a resiliência. Mesmo quando os elementos externos impactam diretamente seus negócios e sua carreira, como o atual momento político/econômico que atravessamos no país, é possível atravessar as crises de forma mais consciente e construtiva. Compartilho reflexões e insights que fazem parte da minha proposta de desenvolvimento de competências e alta performance e têm contribuído de forma significativa para melhorar o desempenho de empreendedores, gestores e profissionais de diversas gerações. Afinal as crises passam, as competências pessoais permanecem.

DESENVOLVA O AUTOCONTROLE

De acordo com Daniel Goleman o autocontrole é a capacidade de administrar os sentimentos perturbadores, ignorar os caprichos e manter-se focado em um objetivo. Aprendi que crises são verdadeiros testes para o autocontrole.

Imagine uma equipe de médicos em um centro cirúrgico: há alguma chance da cirurgia ser bem sucedida se perderem o autocontrole? Imagine um avião em pane, como conduzir o vôo para um pouso de emergência sem autocontrole? Da mesma forma empresários precisam de autocontrole para conduzir suas empresas, gestores precisam de autocontrole para gerir suas equipes/projetos e todas as pessoas precisam dominar seus caprichos para administrar bem a própria vida. O autocontrole tem impacto direto na gestão financeira, na comunicação e nas relações interpessoais e na capacidade de permanecer focado em metas e resultados. Desenvolver esse domínio pessoal contribui de forma significativa para uma atitude equilibrada e sensata.

APRENDA A ENCARAR OS FATOS E AS LIMITAÇÕES

Lembram-se da crise da Varig? Muitos aviadores não aceitavam que a empresa (considerada “mãe” Varig) poderia chegar ao fundo do poço. Aconteceu. Foi uma crise sem precedentes na história da aviação no país. Conheço profissionais que encararam a realidade e entraram no plano de demissão voluntária bem no início da crise. Outros focaram no mercado internacional e conseguiram emprego em Dubai e na Índia. Foram profissionais que sofreram muito, mas encararam os fatos e investiram em possíveis soluções, foram proativos e assim tiveram vantagem competitiva. Quando a crise se agravou o desemprego foi enorme. O time restrito que não ficou no mundo das ilusões superou a crise mais rápido.

Encarar as limitações não significa aceitar as condições e acomodar-se. Significa colocar esforços onde produzirão resultados. É preciso ter em mente que a solução não vai cair do céu! É nesse sentido que momentos de crise podem promover um grande amadurecimento. Não se iluda e mãos à obra!

ADOTE UMA POSTURA QUE VOCÊ SE ORGULHE

Como você decide lidar com a crise? Esta é uma decisão que terá impacto em longo prazo. Crises são oportunidades para resgatar valores e princípios como cooperação, amizade, coragem e credibilidade. Mas isso dá trabalho, requer dedicação. Provoco os clientes com a seguinte questão: qual postura você deve adotar nesse momento? O que você considera admirável em outras pessoas que vivem situações semelhantes? Pense nas decisões que farão diferença nos próximos cinco, dez anos. As consequências de atitudes pouco conscientes podem ser mais sérias que a própria crise! Quando proponho pensar em uma postura significa um conjunto de atitudes e escolhas que precisam ser bem pensadas.

Adotar uma postura alinhada com os próprios valores preserva a saúde, a consciência, a autoestima. Preservar esse leme interno é importante, pois são questões íntimas de valores pessoais que devem nortear a conduta. Faça uma autorreflexão e procure preservar a sua integridade. Procure pensar sobre qual a melhor maneira de conduzir as situações.

APRENDA A COLOCAR O “PEIXE NA MESA”

O que acontece quando escondemos o peixe? O cheiro fica insuportável, certo? Gosto da ideia que problemas são como peixes! Todas as vezes que problemas são omitidos a situação pode agravar-se ainda mais. Trazer a situação de forma clara, desenvolver o diálogo franco, aberto, encarar os fatos, talvez sejam características raras. Quantas reuniões são desperdiçadas pois o problema real não foi colocado “na mesa”? Acompanho muitos gestores que se sentem extremamente desconfortáveis ao abordar certos assuntos com seus colaboradores, o que dificulta as boas práticas de gestão. É recomendável encontrar alguma maneira para abordar o assunto, a ideia é enfrentar o problema e não as pessoas.
Meu maior aprendizado nesse sentido foi uma experiência empresarial durante cinco anos na gestão de um restaurante. Abordar temas delicados tais como atritos entre a equipe da cozinha e do salão faziam parte do dia-a-dia do negócio. Aprendi que quanto mais rápidas eram as soluções mais motivada a equipe trabalhava. Uma equipe alinhada e motivada criava uma sinergia incrível e esse era nosso diferencial. A postura de colocar os problemas na mesa fazia parte da nossa gestão. Em um restaurante tudo é muito dinâmico, precisávamos ser dinâmicos também na gestão de problemas.

EXPLORE POSSIBILIDADES E SOLUÇÕES AINDA NÃO EXPLORADAS

Em momentos de crises é necessário explorar novos caminhos: novos mercados, clientes, produtos, contatos, parcerias, possibilidades ainda não exploradas. Mas em momentos tensos, isso não é tarefa fácil! Geralmente a percepção fica restrita, limitada e consumida (absorvida) pelas preocupações. Para explorar as possibilidades é necessário ter uma mente aberta e desapegar. Aprendi que introduzir novidades na rotina possibilita criar novas conexões e sinapses no cérebro, o que contribui para ampliar a percepção. A ideia é experimentar novos sabores, caminhos, músicas, filmes, leituras, lugares, trocar ideias com pessoas diferentes e preparar a sua mente para o novo. Em apenas uma ou duas semanas o efeito de “quebrar a rotina” pode alterar a percepção.

Uma cliente introduziu essas recomendações na rotina e após quinze dias relatou que pensou em uma possibilidade na sua área de atuação bem promissora. O interessante é que a sensação, segundo a mesma, foi de enxergar o óbvio. Esta atitude simples traz um oxigênio novo, ajuda a visualizar o cenário de forma diferente para explorar ou criar novas possibilidades.

ECONOMIZE DE FORMA CONSCIENTE

Encarar as limitações e ter autocontrole (abordados anteriormente) contribuem para adotar medidas de economia de forma consciente. Vários gestores sabem interpretar as condições do mercado e adotam uma postura mais prudente tanto na vida pessoal quanto na vida empresarial em momentos de crise. Há empresas por exemplo que adotam medidas de economia que não vão impactar a qualidade da entrega para os clientes, preservando a reputação conquistada no mercado. Uma medida viável em situações mais críticas, é reduzir o valor do pró-labore dos sócios. É uma decisão estratégica necessária adotada por algumas empresas por um período temporário.

Da mesma forma, um profissional que esteja em uma pós graduação que pode agregar valor à sua carreira, em meio à crise, decide cortar gastos extras mas não abre mão do curso pois compreende que trata-se de um investimento. Descartar os excessos é uma estratégia de sobrevivência fundamental nas crises. No entanto muitas pessoas resistem e acabam sendo obrigadas a fazer cortes em situações extremas. São pessoas que se apegam a um estilo de vida e desta forma se prejudicam. Entre sócios quando há divergência de mentalidade nesse sentido além de comprometer o sucesso dos negócios há muito desgaste. Pela minha experiência aprendi que não adianta identificar uma oportunidade promissora por exemplo sem conjugar com uma medida consciente de economia. Esse tipo de postura pode inviabilizar qualquer tentativa de sucesso em períodos de crise.

Um estilo de vida mais simples na sociedade que vivemos que valoriza a ostentação e o status é um grande desafio para muitos brasileiros. No entanto são valores que precisam ser repensados, independente da crise.

BUSQUE FONTES DE INSPIRAÇÃO

Em períodos de crise, inspiração é como água no deserto. Como diz Ferreira Goulart “A arte é necessária por que a vida não basta”. A arte, a natureza, a beleza, o bom humor suavizam a vida especialmente em momentos difíceis. Encarar crises é uma tarefa árdua! Tenha em mente que quanto mais dura a tarefa, maior a necessidade de buscar elementos estimulantes. Pessoas inspiradas são capazes de vencer grandes superações. A inspiração e o entusiasmo são formas de compensar a lucidez e sustentar fases difíceis. Aprendi que uma boa fonte de inspiração pode iluminar momentos críticos. Da mesma forma que artistas buscam renovar o olhar como combustível para suas criações é importante buscar de forma consciente estímulos inspiradores em momentos de grandes desafios... Pesquise histórias reais de superação, cerque-se de pessoas que te fazem bem e são admiráveis: amigos, parceiros, mentores. Leia livros e veja filmes que te tocam. Procure qual é o seu combustível e reabasteça a alma para se fortalecer.

SEJA CONSTRUTIVO

Nossa cultura explora muito a ideia de ser “positivo” ou “negativo”, certo? Há aquele ditado que pessoas positivas enxergam o copo meio cheio e pessoas negativas enxergam o copo meio vazio. Pessoas negativas de fato podem agir de forma destrutiva e atrapalhar aqueles que estão se empenhando na busca de soluções. São pessoas que geralmente se acomodam, caem nas armadilhas das reclamações, não aceitam os fatos e acabam prejudicando e piorando o cenário (fique distante de pessoas assim)! Mas por outro lado pessoas muito otimistas e pouco lúcidas podem cair no mundo das ilusões. Sempre tive em mente que positividade sem ação é uma ilusão. Observando o meu próprio comportamento e das pessoas ao meu redor - colaboradores, clientes, amigos, familiares e profissionais de todas as gerações - aprendi que pessoas determinadas a progredir desenvolvem uma atitude construtiva. Minha proposta sobre atitude construtiva engloba três habilidades - 3 Ps: uma postura positiva, proativa e prática. Pessoas práticas são mais voltadas para a ação e apresentam um bom senso se realidade. Pessoas proativas não se acomodam e têm iniciativa. Vamos integrar esses elementos à positividade e concentrar os esforços no que precisa ser feito. Crises podem ser superadas com trabalho, criatividade e determinação. Uma postura construtiva contribui para colocar em prática todos os outros itens abordados nesse artigo. Há profissionais que em períodos de crise constroem uma boa reputação, outros constroem uma carreira paralela, empresas criam novos produtos e serviços. Enfrentar crises de forma construtiva contribui para extrair as melhores lições e construir uma nova história. Afinal para superar crises é preciso se superar!

Fonte: Administradores

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Os executivos desaprenderam a pensar.

O desenvolvimento profissional e a inovação precisam de espaço na agenda

Esta é uma provocação sobre a agenda dos executivos, mas provavelmente você vai se identificar com tudo que falo abaixo.

Vivemos uma época em que todos falam de inovação e criatividade dentro das empresas. Para isso é fácil constatar que precisamos trabalhar diferente, a começar pela agenda dos executivos. Em um evento recente de mercado do qual eu participei, o papo durante um café com vários executivos foi a velha discussão da agenda lotada de todos. Todos, sem exceção, reclamando da falta de tempo, da agenda extenuante e da tungada na vida pessoal por conta da loucura da vida profissional. Por outro lado, todos falando também da necessidade de inovar e fazer coisas diferentes.

Posso ser simplista aqui, mas tudo começa pela agenda de cada um de nós. Tipicamente, negligenciamos o poder que temos de montar conscientemente a agenda diária de trabalho que precisamos. O segredo do sucesso ou do fracasso começa nela. A sua capacidade de se desenvolver, inovar e pensar diferente precisa de espaço na agenda.

A maioria dos executivos tem dificuldade em lidar com agendas vazias. A rotina dessa turma inclui muitas horas montando relatórios, apagando incêndios, respondendo e-mails, muitas vezes irrelevantes, participando de reuniões intermináveis, ou seja, é um festival de tempo perdido. Aceitemos ou não, mas a cultura corporativa das empresas, em geral, está impregnada de amor pela hierarquia e de excesso de controles. A culpa disso tudo é dos executivos.

O que vou falar a seguir vale para todos os perfis de empresas, de qualquer segmento, de qualquer tamanho. Conheço executivos que delegam a sua agenda totalmente para a secretária, que vivem com a sensação de estarem sendo improdutivos quando a agenda está vazia, que vivem trancados em salas de reunião e não conseguem circular pela organização para falar com as pessoas ou com seus clientes. São executivos que não fazem reuniões com eles próprios… sozinhos! São líderes que não têm espaço na agenda para pensar. Quando o espaço surge, quase que por encanto, eles são usados para ver e-mails.

Uma grande parte desses líderes afirma que a vida de executivo é assim mesmo: “agenda cheia e sem vida pessoal”. São gestores que adoram controle e, por isso, a agenda fica cheia de reuniões para controlar as coisas, para rever planilhas de projetos repletas de células com responsáveis, datas, prazos e status. Essa é uma rotina interminável, porque por trás de uma planilha, sempre tem outra planilha.


Mas qual é o caminho? A resposta está em duas palavras: desapego e coragem!

Desapego! Palavrinha que não aparece muito no dicionário corporativo. O segredo de uma agenda livre começa pelo executivo ter desapego por saber de tudo que está acontecendo em sua organização, desapego por planilhas, que muitas vezes nem entendemos direito, desapego por apresentações em powerpoint longas e complexas… enfim, desapego por tudo que esteja relacionado com controle excessivo. O controle é diretamente proporcional à falta de confiança nos subordinados e à tradicional dificuldade de delegar. Outras vezes é o velho cacoete do chefe querer por a mão na massa por achar que faz melhor que o seu time. Tudo isso tem por trás a obsessão de saber tudo que rola… nos mínimos detalhes.

A coragem caminha junto com o desapego. Estou falando da coragem de dizer “não sei” para o chefe quando ele pergunta sobre alguma coisa que está acontecendo na sua área e você diz “não sei” com naturalidade e segurança, sem dor na consciência, com a simplicidade de um monge indiano. Coragem para delegar o projeto mais importante da sua área para o seu time e deixá-lo trabalhar sem encher o saco. Coragem para aceitar fracassos e erros dos subordinados, pois isso faz parte do processo de evolução da organização. De forma geral, as organizações lidam muito mal com os fracassos. Todos abraçam a inovação e a criatividade, desde que não fracassem, não é mesmo?

Muitas vezes a sua agenda reflete a agenda do seu chefe. Se você tem um chefe inspirador, visionário, que gosta de pensar diferente, provavelmente, a sua agenda segue esse curso. Mas se você tem um chefe controlador, que adora saber tudo que você faz em detalhes insuportáveis, certamente a sua agenda está carregada de revisões e preparações de relatórios e apresentações sem fim. Onde está a sua coragem para não aceitar integralmente o estilo imposto por seu chefe? Tenha personalidade, desenvolva um relacionamento com o seu chefe e com o seu time em cima de critérios que você avalia como o melhor para todos. Ajude a mudar o curso das coisas. Não aceitar o curso do rio nem sempre é fácil e exige coragem.

Tudo isso, de alguma forma, gera consequências na sua agenda de trabalho. Ela é o reflexo do somatório de todas essas influências. O Santo Graal é uma agenda mais equilibrada, que permita tempo para respirar, se reciclar, rever prioridades e obter melhor equilíbrio com sua vida pessoal.

Aqui cabe um ponto fundamental. Uma agenda cheia não é sinônimo do capeta e não necessariamente significa inibição da criatividade e da inovação, o importante é que ela tenha espaços fartos e longos para você pensar diferente. O segredo não é você descobrir e ocupar os buracos na sua agenda… mas sim criar buracos. Crie espaços para conversar com pessoas que você não conversa normalmente, para ler publicações e artigos sobre coisas totalmente fora da sua área de atuação, que você nunca leria a pedido de seu chefe ou por iniciativa própria. Crie espaços para aprender coisas novas ou desaprender as coisas que você sabe. Espaço na agenda significa espaço para as ideias surgirem e descobrir novas possibilidades.

Em resumo, agenda mais vazia significa você navegar nas coisas com um nível de conhecimento mais baixo e com menor controle, com desapego e com a segurança de que está fazendo a coisa certa. Agenda vazia significa delegar mais e confiar no time, representa espaço disponível para inovar e pensar. Esses são os desafios, sacou?

Convivo com esses desafios o tempo todo. Propositadamente, eu tomo a iniciativa de bloquear partes da minha agenda diária para funcionarem como uma espécie de respiro, que às vezes são usadas para atacar as urgências, me renovar mentalmente ou fazer coisas completamente fora do radar. Eu decido na hora. Eu gosto de ler e pensar com fone de ouvido na cabeça ouvindo música clássica, conversar com pessoas que não conheço e entrar em coisas que eu não deveria estar. Isso me expõe a situações completamente diferentes e me desenvolve. Parece um pouco irresponsável, até caótico, talvez seja mesmo.

Por algum motivo que não sei explicar bem, nós vivemos numa época em que os gerentes não reconhecem a atividade de “refletir e pensar” como parte essencial de seu trabalho e responsabilidade. Existe um foco obsessivo na execução, especialmente nas grandes organizações. Quem afirma isso é o excelente artigo do MIT chamado The Lost Art of Thinking in Large Organizations, que apresenta uma ótima reflexão a respeito desse fenômeno. A arte de pensar exige uma boa dose de incerteza e ambiguidade, características que os executivos e organizações rejeitam, especialmente porque o mundo dos negócios celebra os líderes vencedores, que têm respostas assertivas e que se comportam como  “senhores de si”. Expressões como “não sei” e “talvez” têm pouco espaço nas salas de decisão das empresas.

Infelizmente, os novos executivos aprendem com os velhos executivos. A nova turma executiva que vem por aí tende a repetir as coisas e o comportamento dos mais antigos e experientes. Assim se forjam os novos líderes. Já ouvi executivos de várias empresas diferentes, grandes e pequenas, falando para mim que ter a agenda muito livre pega mal. O que os outros vão pensar de mim? É preciso estar atarefado e com a agenda cheia, mostrando que a organização é demandante e que somos uma peça fundamental na engrenagem organizacional. Enfim, se o executivo não segue esse padrão, ele pode ser considerado como alguém fora do grupo.  Inconscientemente ou não, ele age como os outros. Repetimos padrões sem entender muito bem o motivo e sem sentir, mas no fundo não queremos nos sentir diferentes ou excluídos.

Essa tendência de repetir comportamentos me lembra um experimento que bombou nas redes sociais chamado Conformidade Social. O experimento ocorre numa sala de espera e uma mulher repete os movimentos sem sentido que o grupo executa. O ambiente e o contexto provocam uma pressão do grupo sobre ela, que tende a agir em conformidade com as expectativas esperadas de quem está na sala. Vale muito a pena ver esse pequeno vídeo de menos de 4 minutos. Substitua esse cenário por outros grupos e você verá que o esse tipo de comportamento é muito mais comum do que imaginamos.

Não leve toda essa minha longa reflexão tão a sério. Obviamente que o mundo vive hoje uma explosão de executivos inovadores e empreendedores, com muitas empresas inovando radicalmente e muitos modelos de negócios sendo repensados. Existe muita gente boa no comando das empresas e desafiando o status quo. Eu mesmo trabalho numa empresa super inovadora, que se reinventa constantemente e que investe uma fortuna em inovação anualmente. Essas coisas não acontecem por acaso, acontecem por conta de líderes que quebram as regras e se jogam em abismos sem ter certeza de onde eles terminam. O desafio é a multiplicação desses gremlins executivos dentro das organizações, de forma que modelos tradicionais de trabalho e de hierarquia sejam repensados diante da sociedade em que vivemos hoje.

A transformação da liderança das empresas, incluindo desde o primeiro escalão até o escalão mais perto do chão de fábrica, não acontecerá somente por uma mudança de postura ou comportamento, não basta somente vontade de mudar, mas carrega elementos de transformação cultural, de regras e leis da sociedade nos âmbitos social e econômico. Enfim, a agenda é apenas um pequeno elemento em toda essa onda. Mas quer saber? De tudo isso que falei, a sua agenda é a única coisa que está sob seu total controle. Portanto, se não dá para fazer todas as mudanças, que tal começar repensando a sua agenda de amanhã?

Fonte: Digital Network

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Kanban: como ver as tarefas te ajuda a melhorar processos.


Com certeza você já ouviu dizer que usar posts-its para organizar tarefas é uma ótima ideia. Ao contrário do que você pode estar pensando, as pessoas não usam esses bloquinhos adesivos por eles serem coloridinhos e deixarem o mural mais bonitinho. Há uma ciência por trás disso, e o nome dela é Kanban.

A história do Kanban começa no Japão, nos anos 50, mais precisamente na Toyota, que passava por um momento muito delicado. À beira da falência, a empresa lidava com a falta de recursos e a necessidade de se modernizar para acompanhar o desenvolvimento do mercado.

A solução, e a consequente volta por cima da empresa, aconteceu a partir do desenvolvimento de um novo sistema de estratégia de manufatura que fizesse a empresa obter lucro e sustentabilidade para atingir o crescimento. Assim, inspirado na obra de Henry Ford “Today and Tomorrow”, foi desenvolvido o JIT (Just In time) e outra metodologia, o Kanban que, curiosamente, nasceu inspirado no sistema de organização e funcionamento dos supermercados americanos, que recolocavam mercadorias nas prateleiras a partir do momento em que elas eram vendidas. A autoria dessas duas soluções é atribuída a um engenheiro oriundo da região da Manchíria, na China, chamado Taiichi Ohno.

 Afinal, o que é Kanban?

Kanban é um termo de origem japonesa que significa, literalmente, “cartão” ou “sinalização”. O sistema, criado na década de 50 e implementado pela primeira vez na Toyota, propõe a utilização de cartões (ou os famosos post-its) para indicar e acompanhar e maneira visual, prática e utilizando poucos recursos, o andamento dos fluxos de produção nas empresas.

Então, imagine um grande quadro com dois eixos: um com as tarefas que precisam ser executadas, o outro as etapas de execução (“para executar”, “em andamento”, e “Finalizado”, por exemplo). Conforme as tarefas são desempenhadas, o post-it é colocado no campo correspondente ao status da tarefa. Rápido, fácil e indolor.

E funciona mesmo?

A princípio pode parecer algo meio besta, mas, acredite, o método funciona. Na Toyota, a natureza visual do Kanban facilitou muito o trabalho das equipes de produção e montagem, pois melhorou a comunicação entre a equipe e o entendimento de quais tarefas precisavam ser feitas e quando. Além disso, o sistema também ajudou a padronizar os processos e diminuir desperdícios.

Mas isso foi nos anos 50… o mundo hoje é outro

Pois é. Mudou muito. Uma das grandes diferenças é que hoje em dia existe e-mail, não é? E eu te pergunto: quanto tempo você perde localizando informações atualizações de status sobre o andamento de projetos na sua caixa postal lotada?

Agora, imagine se aquela infinidade de e-mails, planilhas e listas de pendências com informações fosse substituída por um grande quadro e bastasse apenas mudar um post-it de lugar para atualizar o status compartilhar a informação com toda a equipe? Com certeza a empresa ganharia muito em agilidade.

Com o Kanban, você vê, literalmente, o trabalho

Já dizia o ditado que uma imagem vale mais do que mil palavras. E a ciência comprova isso. A capacidade do cérebro de processar informações visuais é muito maior do que a de processar informações textuais. Mas muito maior mesmo.

Usando o Kanban, é possível ver todo o trabalho e entender com mais facilidade quais tarefas precisam ser realizadas e quais já foram cumpridas. Assim, a ferramenta permite que você observe o fluxo e consiga identificar gargalos e filas.

Quando você olha para seu processo graficamente, fica mais fácil organizar e limitar a quantidade de tarefas em processo ou inacabadas e com isso priorizar atividades. Outra grande vantagem do Kanban é que ele facilita a troca de informações, contribuindo para uma cultura de colaboração dentro da empresa.

Você vai notar que, conforme for usando o Kanban, conseguirá detectar problemas escondidos, atrasos e falhas em sua gestão. Assim, essa é uma ferramenta que também te ajuda a encontrar soluções mais eficientes e melhorar seus processos.

Uma ferramenta para grandes, médias e pequenas empresas

Essa ferramenta é muito útil tanto para grandes indústrias, como para pequenas e médias empresas. Afinal, mesmo que você tenha uma startup, o ritmo de vida e de produção imposto pelo mercado exige das empresas muita eficiência nos processos.

O Kanban pode ser usado, por exemplo, para te ajudar no controle de estoque, e também para acompanhar processos ligados à serviços e atendimentos de demanda ou para gerir o seu funil de vendas.

Aplicando o Kanban

Para você aplicar o Kanban nos processos da sua empresa é preciso, antes de mais nada, engajar toda a sua equipe. Ora, se é um sistema que funciona justamente por ser simples de manejar e alterar informações, todos devem saber como operar ele e participar ativamente desse fluxo. É responsabilidade de cada um manter o painel escolhido sempre atualizado e completo.

Outro ponto que parece bobo, mas que muitas pessoas pecam na hora de implementar o Kanban: o painel deve estar em um lugar de fácil cesso e visível à todos. Afinal, a ideia é, justamente, que ele seja interativo e que todos possam se informar a partir dele.

Algumas outras ferramentas muito úteis

Assim como o Kanban, há outras ferramentas que podem te ajudar muito a melhorar seus processos:

As práticas de Kaizen te ajudam a cortar custos e aumentar de produtividade a partir da melhoria continua no desempenho de atividades.

O Poka Yoke é uma técnica de gestão da qualidade baseada em soluções simples, que evitam falhas em processos e reduzem custos.

O 5S é uma ferramenta organizacional que ajuda a manter seu ambiente de trabalho em ordem e mais produtivo. 

Bom, parece difícil de acreditar, mas, sim, organizar as informações das suas atividades e processos de forma visual, como propõe o Kanban, pode fazer toda a diferença!

Fonte: Endeavor Brasil