Como visto no nosso texto anterior (Tecnologia fazendo a diferença) ainda que haja periodicamente questionamentos acerca dos ganhos estratégicos e operacionais oriundos de aplicações de TI, é crescente a visão de que a TI pode trazer vantagens competitivas, além de estar fortemente relacionada com a inovação e a gestão do conhecimento nas empresas. Por outro lado, vive-se hoje na “sociedade da informação”, e, por conseqüência, a compreensão das informações acerca do desempenho da empresa e dos concorrentes, bem como do comportamento dos clientes também pode ensejar novas perspectivas de estratégias bem sucedidas, através do que a literatura de negócios e a acadêmica têm chamado de Inteligência Competitiva. Por vezes é também usado o termo Business Intelligence, embora seja um conceito com algumas distinções da Inteligência Competitiva.
Há ainda uma outra ideia que tem recebido destaque como fundamental para as empresas serem bem sucedidas na competição: a Inovação. Produtos e serviços que ofereçam aos clientes novas e surpreendentes características são determinantes para vencer a concorrência. Para isto, é preciso conhecer bem o cliente bem como as empresas concorrentes. A noção de Inteligência Competitiva vem de uma analogia que é feita entre estratégia de negócio e estratégia militar, na qual a expressão “inteligência” está associada à necessidade de conhecer informações acerca do inimigo e assim prever os seus possíveis movimentos, confrontado com as informações de seus próprios recursos e com os de seus aliados.
Na II Guerra Mundial os americanos souberam muito bem interpretar informações aparentemente desconexas para prever que os japoneses atacariam Midway e para lá despacharam o que lhes restava de sua frota para enfrentar a ameaça e, com base na boa alocação de seus recursos (e de uma dose de sorte) saíram-se vitoriosos de uma das mais decisivas batalhas daquele conflito. Os alemães, por sua vez, foram ludibriados pelos aliados quanto ao local da invasão no dia D (que ocorreu na Normandia e não em Calais onde os aliados induziram aos alemães a acreditarem que seria), por não terem tido (ao menos neste episódio) um bom apoio de suas atividades de inteligência.
No ambiente empresarial é preciso saber o que a concorrência está fazendo, bem como o que os clientes (atuais ou potenciais) necessitam ou desejam. Neste contexto, Inteligência Competitiva seria o processo que investiga o ambiente onde a empresa está inserida, com o propósito de descobrir oportunidades e reduzir os riscos, bem como diagnosticar o ambiente interno organizacional, visando o estabelecimento de estratégias de ação a curto, médio e longo prazo. Por sua vez, Business Intelligence representa a habilidade de se estruturar, acessar e explorar informações, com o objetivo de se desenvolver percepções, entendimentos, conhecimentos os quais podem produzir um melhor processo de tomada de decisão. Além disso, para desenvolver a Inteligência Competitiva é necessário outro conceito relacionado: a Gestão do Conhecimento, que tem seu foco no capital intelectual, visa o desenvolvimento da cultura organizacional, busca o mapeamento de fluxos informais de informação para poder atuar nos fluxos informais de informação. Já a Inteligência Competitiva tem seu foco na estratégia, visa o desenvolvimento do capital intelectual, busca o mapeamento de informações estratégicas para atuar nos fluxos formais e informais de informação.
Business Intelligence costuma ser entendido mais como um conjunto de técnicas computacionais capaz de integrar coleta, armazenamento e processamento de dados, com a finalidade de agilizar a tomada de decisão. Assim, o desenvolvimento da Inteligência Competitiva necessita de conhecimentos em estratégia, em gestão de operações, capacidade analítica (através de análises qualitativas e modelos matemáticos – em especial da estatística). O domínio de técnicas computacionais e o uso intensivo de Tecnologia da Informação (TI). Sem as aplicações de TI não seria possível usar a inteligência competitiva, nem uma efetiva gestão do conhecimento, além de serem grandes facilitadores da inovação. Muitas empresas têm implantado Inteligência Competitiva e ferramentas de Business Intelligence; no entanto, resultados diversos têm sido obtidos nestas iniciativas. Quando bem usadas, proporcionam importante apoio para que produtos e serviços inovadores sejam disponibilizados. Mais uma vez, a mensagem é que não basta ter acesso a tecnologia, mas ter processos e competências adequadas para tirar partido delas, formulando estratégias de negócios nas quais as ferramentas tecnológicas estejam efetivamente integradas à organização.
Prof. Dr. Fernando José Barbin Laurindo é professor da Fundação Vanzolini, entidade gerida por professores do Departamento de Engenharia de Produção POLI/USP.
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