O
tradicional modelo de remuneração com salário fixo e benefícios vai dando lugar
a sistemas mais flexíveis em empresas que buscam maior produtividade a custos
mais baixos. O segredo é incentivar o empenho pessoal dos trabalhadores,
criando alternativas que também tragam rendimentos corporativos, como a
remuneração variável por desempenho.
Nessa
lógica, quem é mais qualificado e traz mais retorno à companhia ganha mais,
mesmo em função idêntica a outro menos talentoso, que receberia menos, aponta
Paulo Santos, diretor geral da Paulo Santos & Consultores Associados. Ele
participou nesta terça-feira (18/12) do comitê aberto de Gestão de Pessoas da
Amcham-Porto Alegre.
A
proposta, diz Santos, não somente diminui os encargos como traz mais
flexibilidade ao trabalhador e também ajuda a incentivar o trabalho de toda a
equipe.
Estratégia
Para
o consultor, é essencial que os profissionais saibam claramente como funciona a
política da empresa e, no caso de mudanças, que seja oferecido apoio para se
adaptarem.
Ele
considera que essa nova política de remuneração visa a aumentar a
competitividade dos negócios e a estimular a participação do colaborador por
meio de premiação por metas e participação nos lucros.
No médio prazo, há efeitos como a redução de custos fixos de mão-de-obra e a minimização dos efeitos de sazonalidade sobre os negócios –como uma queda nas vendas, por exemplo, que deixaria a companhia com menos caixa em certos meses, mas obrigada a arcar com os mesmos custos fixos do resto do ano.
A
empresa deve estar alinhada para poder aplicar um modelo como esse, de forma a
que os valores não sejam contrários às políticas de remuneração, lembra o
consultor. “Já há planejamento tributário. Por que não há planejamento
trabalhista?”, questiona.
Serviço
Adair
Citton, gerente de RH da indústria de móveis de escritório Marelli, que adota
um modelo mais flexível de remuneração, analisa que a postura do funcionário
deve ser revista nesse tipo de situação. A visão ideal é a de que o profissional
trate a empresa como um cliente para o qual se presta um serviço, o que pode
gerar mais responsabilidade e empenho.
Tratar o funcionário como um profissional que presta um serviço em troca de pagamento é uma mudança de paradigma para muitas instituições. “O profissional deixa de receber para trocar [seu pagamento] por um serviço”, afirma Citton.
Ele
conta que, com a mudança para o sistema flexível, a empresa passou a incentivar
os funcionários a entregarem cada vez mais rapidamente os pedidos, buscando
elevar a remuneração variável. “O prazo de entrega é o nosso maior tirador de
pedidos.”
Somado
a isso, ele diz que implementou um sistema de pontuação para garantir mais
retornos aos trabalhadores. Os pontos podem ser trocados por benefícios como
plano de saúde, odontológico, escola infantil e assessoria jurídica, entre
outros. A ajuda chega também a subsídios em cursos de idiomas, de ensino
superior e de pós-graduação.
O
funcionário tem a flexibilidade até para escolher não ter benefícios que não
utiliza – mas que em outras empresas são obrigatórios.
Outra
alternativa, diz ele, é a participação nos lucros além do salário básico, o que
coloca o empregado na posição de sócio. “Não precisamos cuidar de quantas vezes
ele vai ao banheiro ou de quanto produz. Ele mesmo terá a percepção do que é
necessário fazer”, ressalta Citton, salientando a importância de haver metas.
“Tudo tem um resultado por trás.”
Retorno
A
Marelli transformou os interesses tanto da empresa quando de seus colaboradores
numa via de mão dupla. A vantagem é melhorar o ambiente de trabalho dos
empregados, analisa o executivo. Entre outras ações implementadas, há desde
jogos de futebol entre os funcionários e passeios para os filhos dos
profissionais até ginástica laboral e folha de ponto autogerenciável.
“Nosso objetivo é o lucro. Não fazemos isso
porque somos bonzinhos, mas porque sabemos que ajuda na integração e faz com
que trabalhem mais felizes e empenhados”, reflete Citton. “Os filhos deles não
irão querer que seus pais saiam da empresa e no futuro podem desejar vir
trabalhar conosco.”
Toda
a estratégia começa na seleção, revela ele. “Se após duas horas de apresentação
da empresa o olho do candidato não brilhar, ele não serve”, defende. “Queremos
ser os melhores. Para isso, precisamos ter os melhores profissionais, da
portaria à presidência”, completa.
Fonte:
Amcham.
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