Entenda quanto você pode tomar de dívida com bancos para ajudar a
empresa a crescer, mas sem comprometer a operação.
De uma
forma geral as empresas têm duas formas básicas de financiar suas operações:
utilizando recursos próprios ou de terceiros, como bancos comerciais, de
fomento ou mesmo Fundos de Privaty Equity e o mercado de capitais. Vários
aspectos impactam cada fonte de financiamento, sendo um dos principais o custo
dos mesmos.
Projetos ou empreendimentos na sua
fase inicial tendem a usar recursos do próprio empreendedor ou em alguns casos
utilizam capital de risco. Empresas mais maduras tendem a utilizar capitais de
terceiros, o que permite uma alavancagem dos recursos próprios, tendo como
contrapartida um aumento do risco do empreendimento e uma maior oportunidade de
aumento do seu retorno.
As fontes de recursos podem ser de
curto ou longo prazo, a depender do prazo de pagamento dos mesmos. Aqui deve
ser feita uma ressalva: desembolsos que requerem um prazo maior de maturação ou
retorno devem ser financiados com recursos de longo prazo, como a compra de uma
máquina, desenvolvimento de um novo produto ou serviço ou mesmo a construção de
uma fábrica. A aquisição de estoques ou o pagamento de despesas variáveis, como
folha de pagamento, podem ser financiados com recursos de prazo de amortização
menor. Outro aspecto a ser considerado, é o de que o custo dos recursos deve
estar compatível com o retorno esperado do gasto ou do investimento efetuado.
De uma forma geral são fontes de
recursos de curto prazo: financiamento bancário, antecipação de recebíveis,
conta garantida, dentre outros. Em todos os casos será exigida uma
contrapartida do empreendedor, como garantias bancárias, avais ou mesmo a hipoteca
de bens ou direitos. A experiência demonstra que estes recursos tem um elevado
custo de captação, mesmo com o oferecimento de garantias reais.
Os recursos de longo prazo têm como
característica um custo menor ou mesmo custo zero, no caso dos recursos do
próprio empreendedor, e podem se originar de agências de fomento ou de linhas
de crédito específicas para o setor onde a empresa atua. Na aquisição de bens
para o ativo imobilizado há ainda a opção do leasing.
Embora aparentemente óbvia a questão
do prazo da dívida versus sua finalidade, o Brasil está cheio de exemplos de
fracassos de empreendimentos em decorrência da estrutura de capital inadequada.
Portanto fique atento na hora de contrair uma dívida e seja extremamente
crítico se a mesma está adequada a seus objetivos.
Para definir qual a estrutura de
capital mais adequada para sua empresa devem ser levados em consideração os
seguintes principais fatores:
Nível de maturidade: empresas em fase inicial de
operação, start up’s, tendem a se financiar com recursos do próprio
empreendedor, já que nesta fase o principal foco é a sobrevivência do negócio
não havendo como oferecer garantias para o pagamento dos juros e principal de
uma eventual dívida. Empresas com um nível maior de maturidade tendem a ter um acesso
maior ao capital de terceiros, já que há um histórico a ser apresentado,
servindo de base inclusive para a determinação de um fluxo de caixa para
pagamento da dívida. Ainda nesta fase, empresas que possuem um Plano de
Negócios focado na expansão das atividades, podem ainda atrair terceiros
interessados em participar desta expansão e consequentes riscos. Fundos de
Privaty Equity ou mesmo operações no mercado de capitais, abertura de capital
ou emissão de debêntures, aparecem como fortes candidatos para financiar Planos
de Negócios bem estruturados.
Ramo de atuação: empreendimentos focados em
negócios de risco internet, por exemplo, tendem a ter um custo de captação
maior do que aqueles focados em setores menos arriscados e já consolidados,
como serviços e produtos fortemente demandados.
Rentabilidade: empresas que tem elevado
nível de rentabilidade sobre o capital investido geralmente são melhores vistas
pelos agentes financiadores do que aquelas que apresentam baixo retorno. Para a
correta avaliação da rentabilidade da sua empresa deve-se levar em consideração
vários aspectos, dentre eles o EBITDA gerado. O termo EBITDA representa a
rentabilidade, lucro líquido, ajustado pelo imposto de renda e contribuição
social e pela depreciação e amortização.
Uma forma de incrementar as operações
pode ocorrer através do uso da alavancagem financeira, onde o empreendedor opta
por usar uma maior parcela do capital de terceiros para financiar seus
negócios. O ponto de equilíbrio reside em manter uma estabilidade entre a
capacidade da empresa em gerar lucros e caixa em nível superior ao custo e
amortização da dívida. A alavancagem só acontece quando a rentabilidade dos
investimentos é superior ao custo real do passivo. Em suma, a empresa deverá
escolher o mix de financiamento que maximize a rentabilidade dos capitais
investidos no empreendimento. Este talvez seja um dos instrumentos mais
importantes para o sucesso ou fracasso de um negócio!
Por Paulo Sérgio
Dortas
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