Em Pirituba,
precisamente no número 1.465 da avenida Raimundo Pereira de Magalhães, o novo
Tietê Plaza Shopping já está mais definido --a inauguração será em novembro.
Esses são dois exemplos de um boom de shopping centers que São
Paulo vive atualmente.
Nos últimos dez anos, a capital ganhou 16 novos centros de compra,
um crescimento de 43% desde 2003. E a expansão não deve mudar tão cedo.
Aos 53 empreendimentos que a cidade tem hoje devem se somar pelo
menos seis até 2015, incluindo outlets próximos à capital.
Entre as novidades que vêm por aí, há desde empreendimento misto,
que, além de lojas, traz escritórios (caso do Cidade São Paulo), até outro
menor, com lojas de luxo (o Cidade Jardim Shops, nos Jardins), passando pelos
outlets e pelos que miram a classe C (Estação Jardim, na zona leste, e Tietê
Plaza Shopping, na região norte).
A emergência da nova classe de consumidores, aliás, é um dos
fatores apontados por especialistas para o aumento acelerado no número de
shoppings --o outro motivo seria o crescimento da renda do brasileiro nos
últimos anos.
"Hoje, apenas cerca de 20% dos frequentadores em São Paulo
são da classe C. É pouco. É preciso pensar em shoppings específicos para esse
público, que tem um grande potencial de crescimento", afirma Luiz Alberto
Marinho, sócio-diretor da consultoria em varejo GS&BW, que tem como
clientes shoppings como o Pátio Higienópolis, o Pátio Paulista e o Plaza Sul.
70% FREQUENTAM
Atualmente, 70% dos paulistanos têm o hábito de frequentar esse
tipo de espaço, sobretudo para passear e comprar, segundo pesquisa Datafolha
feita nos dias 2 e 3 de setembro com 615 moradores da cidade. Entre as pessoas
das classes A e B, esse índice sobe para 84% e, entre os mais jovens, para 81%.
Em uma cidade como São Paulo, com sérios problemas de trânsito e
de segurança, o shopping conquista por sua praticidade, na opinião da urbanista
Heliana Vargas, coordenadora do Laboratório de Comércio e Cidade da FAU-USP.
"A cidade tem muitas opções de lazer,
mas o shopping é a preferência do paulistano por ser um ambiente organizado, confortável, onde se pode comer, comprar e ir ao cinema com segurança. Daí a popularidade", diz.
mas o shopping é a preferência do paulistano por ser um ambiente organizado, confortável, onde se pode comer, comprar e ir ao cinema com segurança. Daí a popularidade", diz.
A dona de casa Maria Cristina Ferreira, 56, vai ao Anália Franco,
na zona leste, pelo menos três vezes por semana. "Resolve" ali
farmácia, supermercado e banco. Vez por outra, passeia e aproveita para tomar
um café com as amigas. "Eu poderia fazer tudo mais perto de casa, sem nem
pegar o carro, mas prefiro a segurança e o conforto do shopping."
Ainda que seja um dos principais atrativos para a população, a
sensação de segurança desses espaços pode ter efeitos colaterais na vida na
cidade.
Para a socióloga Valquíria Padilha, professora da FEA-USP de
Ribeirão Preto e autora do livro "Shopping Center - A Catedral das
Mercadorias" (2006, Boitempo), o aparato de segurança e a própria
arquitetura desses espaços selecionam o tipo de público que pode entrar,
gerando segregação.
"É uma perda social muito grande, porque as pessoas acabam
vivendo em uma bolha sem conexão com a realidade e a diversidade da vida
urbana."
NICHOS
A principal tendência para que o setor continue em expansão
atualmente é a diversificação dos perfis dos empreendimentos, na avaliação de
Luiz Alberto Marinho.
"Hoje, 87% dos shoppings brasileiros são tradicionais, com
lojas, cinemas e restaurantes. Ainda há um espaço grande para novos centros
diversificados, como os shoppings de vizinhança, que são menores e pretendem
atender apenas a população do bairro, para outlets e para os temáticos, focados
em um segmento, como o D&D, que é só de decoração."
A urbanista Heliana Vargas acredita que, em um cenário com tanta
oferta de espaços comerciais, a aposta em empreendimentos mistos --como o JK
Iguatemi, que também tem escritórios-- pode ser determinante para o sucesso do
projeto, uma vez que eles já garantem um fluxo de frequentadores.
"Para a cidade, também é mais interessante porque cria uma
abertura para o entorno e mantém aquela área viva além do horário
comercial."
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