O
formato é bem antigo, mas ele voltou a ganhar notoriedade na década de 90, com
o avanço da tecnologia e, principalmente, devido ao alcance da internet pela
população. Ainda assim, ele está longe de ser unanimidade no país. Quando o
assunto é ensino a distância, existem tanto as pessoas que são favoráveis e
entusiastas desse modelo, quanto aquelas que são categoricamente contra. O fato
é que enquanto alguns observam uma oportunidade de capacitação com fácil
acesso, comodidade e preços mais baixos, outros questionam qual é o verdadeiro
aproveitamento acadêmico do estudante nessa modalidade.
Em
meio a essa falta de consenso, o Brasil vem registrando um frenético aumento na
quantidade de alunos e de cursos no ensino superior a distância. Entre 2002 e
2009, somente a graduação saltou de 46 cursos para 844. Segundo informações do
Ministério da Educação (MEC), em 2009, mais de 1 milhão de pessoas estudaram em
programas oficiais nesse modelo. Já os números totais, que abrangem e-learning
de empresas, cursos abertos livres e cursos oficiais, apontam mais de três
milhões de estudantes no país.
Dentro
do contexto
Quem está inserido nesse contexto é o estudante de Administração Edvan Pereira dos Santos, que acredita nessa modalidade de ensino. "Os cursos são perfeitos para pessoas que, assim como eu, não têm tempo disponível para frequentar um curso presencial. Hoje sou casado, tenho filhos e trabalho, isso é o maior motivo de ter escolhido essa modalidade. As aulas ficam gravadas e posso revê-las quantas vezes for possível. Não tenho motivos para reclamar", afirma.
Quem está inserido nesse contexto é o estudante de Administração Edvan Pereira dos Santos, que acredita nessa modalidade de ensino. "Os cursos são perfeitos para pessoas que, assim como eu, não têm tempo disponível para frequentar um curso presencial. Hoje sou casado, tenho filhos e trabalho, isso é o maior motivo de ter escolhido essa modalidade. As aulas ficam gravadas e posso revê-las quantas vezes for possível. Não tenho motivos para reclamar", afirma.
Na
visão de Edvan, muitos começam e desistem por desinformação ou ideia
pré-concebida errada. "Ocorre que quem não tem disciplina para desenvolver
as atividades ou esquece de ler as apostilas, depois não consegue acompanhar o
curso e acaba falhando. Na verdade, alguns sentem dificuldade quando chegam com
uma ideia de que os cursos a distância são fáceis ou que não são reconhecidos e
de baixa qualidade", comenta o estudante em Administração da Unip.
Nádila
dos Santos Pereira, graduada em Administração pela Unigran e secretária
executiva de uma entidade privada no Estado de Mato Grosso do Sul, compartilha
da mesma opinião. Para ela, esta modalidade "é até mais difícil do que a
presencial, pois há pouca interação entre os colegas, o que aumenta a busca
individual por informações".
Mas
o administrador de empresas e eletricitário Luciano Pereira, tem uma opinião
completamente diferente e identifica a falta de regras mais rigorosas na
dinâmica de ensino por parte de diversos cursos a distância. "A presença
de um professor é extremamente importante para a formação de um profissional.
Ter algumas aulas presenciais em dias alternados da semana ou mês não capacita
um aluno a entender as nuances de matérias complexas. Os critérios de avaliação
também são muito flexíveis, podendo ser feitas várias provas até a aprovação do
aluno".
Pensando
na carreira
A verdade é que ter uma formação acadêmica nunca foi tão valorizado. De acordo com o levantamento do IBGE em 2010, realizada nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil, a taxa de desemprego entre os que possuem ensino superior ficou em 3,1%, o menor índice em oito anos. Esse fato, sem dúvida, contribuiu para elevar a procura por uma capacitação e aumentar a quantidade de cursos a distância. Porém, a preocupação está na abertura de cursos sem qualquer critério de ensino ou preocupação com a qualidade.
A verdade é que ter uma formação acadêmica nunca foi tão valorizado. De acordo com o levantamento do IBGE em 2010, realizada nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil, a taxa de desemprego entre os que possuem ensino superior ficou em 3,1%, o menor índice em oito anos. Esse fato, sem dúvida, contribuiu para elevar a procura por uma capacitação e aumentar a quantidade de cursos a distância. Porém, a preocupação está na abertura de cursos sem qualquer critério de ensino ou preocupação com a qualidade.
Para
o professor David Forli Inocente - coordenador do MBA Gestão Estratégica da EAD
USP e que também faz parte da equipe de avaliadores do Ministério da Educação
para Metodologias EAD - falta uma análise e fiscalização mais intensa por parte
do órgão. "Creio que o MEC deve ampliar em muito a supervisão das
instituições, acompanhar seus indicadores essenciais tais como a relação de
alunos por tutor. Há instituições que trabalham com um tutor para cada 200 ou
300 alunos, eu já vi até 500. Fica óbvio que não se pode garantir qualidade com
esse volume de alunos", avalia.
David
considera ainda que há muita liberdade nos métodos de ensino. "Apesar de
ter seu lado positivo, o MEC deveria avaliar a consistência metodológica das
propostas pedagógicas das instituições, ou seja, qual a rotina mínima de
atividades acadêmicas exigidas. Desse modo, a instituição se obrigaria a pensar
nisso. O que vemos é que até há entrega de conteúdo, mas existem poucos
instrumentos de medição do aprendizado.Para Luciano Pereira, não adianta aumentar o número de alunos em cursos superiores simplesmente elevando o número de instituições a distância. "O que se deve primar é a qualidade do ensino, pois não basta aumentar o número de profissionais no mercado de trabalho se esses profissionais são formados em instituições desqualificadas e sem corpo docente capaz", indica.
A opinião também é compartilhada pelo próprio Ministro da Educação, Fernando Haddad. Para o ministro, o crescimento na quantidade de cursos não pode ser feito de qualquer maneira. "Há países em que 50% das matrículas são feitas em cursos a distância. No Brasil, esse número equivale a 14%. Então, nós temos espaço para expandir, mas expandir com critérios de qualidade", revelou Haddad na divulgação do relatório do MEC esse ano.
O ministro afirmou ainda que o estudante deve estar atento às instituições que oferecem essa modalidade. "É necessário checar a qualidade dos cursos e a estrutura das salas usadas para as aulas presenciais, pois as leis brasileiras exigem que pelo menos uma parte do período de aulas seja dada presencialmente", afirma.
Um dos principais questionamentos sobre essa modalidade de ensino é a falta de reconhecimento das empresas em relação à formação em cursos de ensino superior via EAD. Só que essa desconfiança parece que vem sendo alterada por quem está contratando.
"Antes
existia certo preconceito diante deste modelo de ensino, já que grande parte do
mercado ainda era bastante conservador, porém com o inegável crescimento desta
modalidade, o mercado acabou se rendendo", declara Viviane Prado, gerente
de recrutamento da ALLIS S.A, empresa especializada em selecionar
profissionais.
Segundo
o professor David Forli, realmente não há uma reação contrária ao formato.
"Tendo em vista os headhunters com quem mantenho contato, não há um
pré-conceito declarado por conta da modalidade, muitas vezes esse pré-conceito
se dá em razão da reputação da instituição". Para o professor, se existir
algum tipo de desconfiança nesta modalidade, ele é fruto do desconhecimento.
"O novo, em geral, causa essa reação ao estabelecido. Lembre-se que a
gravadora Decca (que já não existe) disse aos Beatles, 'não gostamos de seu som
e a música de guitarra está acabando'. Ao ser apresentada aos computadores portáteis,
a IBM disse: 'quem vai querer ter um computador em casa?'", ressalta o
professor.
Alerta
dos especialistas
Para quem pretende ingressar em cursos via EAD, professores e especialistas alertam que é preciso fazer uma análise anterior da instituição e avaliar as críticas positivas e negativas que surgem dela. Além disso, vale conhecer a grade curricular dos cursos, o corpo docente, as parcerias que a organização firma, e, principalmente, se a instituição é reconhecida pelo MEC.
Para quem pretende ingressar em cursos via EAD, professores e especialistas alertam que é preciso fazer uma análise anterior da instituição e avaliar as críticas positivas e negativas que surgem dela. Além disso, vale conhecer a grade curricular dos cursos, o corpo docente, as parcerias que a organização firma, e, principalmente, se a instituição é reconhecida pelo MEC.
Hoje,
inclusive, diversas universidades públicas e renomadas instituições
particulares já abriram ou tem previsão em algum curso via EAD, o que aumenta a
credibilidade do formato de ensino. Para Jucimara Roesler, diretora-geral e
professora da UnisulVirtual - uma das instituições pioneiras no ensino a
distância e que já formou mais de 7,5 mil alunos - apesar da escolha da
instituição ser importante, o interesse do aluno em querer aprender é o grande
diferencial.
"As
exigências de autonomia, disciplina, organização são bem maiores. O aluno é
livre para escolher seu método, ambiente de estudo e seus horários. Porém, o
sucesso de seu aprendizado exige que ele leia, em média, 1.200 páginas por
semestre. Assim, ele precisa ser um exímio gerente do seu tempo. Essas
características integram o perfil almejado pelo mercado e esse aluno já começa
a ser reconhecido pelas empresas", ressalta a professora.
Fonte Administradores
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