A resposta para essa pergunta vale milhões de reais em resultados. Entretanto, não é necessário desembolsar a mesma quantia para encontrá-la. Basta avaliar o ambiente e a forma da gestão da sua empresa. O restante flui de maneira natural.
São poucas as empresas que reconhecem
a importância do capital humano como fator preponderante para o alcance dos
resultados. Por alguma razão, as empresas estão sempre buscando novos
talentos, high potential ou um salvador da pátria capaz de
"oxigenar" o marasmo em que se veem mergulhadas.
Na prática, gestão de recursos
humanos ou gestão de pessoas ou gestão de capital humano são tentativas
infrutíferas de valorizar a importância e a criatividade dos profissionais.
Mas, seja qual for o nome adotado, isso não muda a realidade de muitas
empresas.
Apesar de os gestores de RH
encamparem a difícil missão de recrutar os melhores talentos, muito mais fora
do que dentro das organizações, os atributos ainda são mais valorizados do que
a capacidade de lidar com circunstâncias adversas.
Atributos como boa aparência,
experiência profissional, domínio de dois ou três idiomas, moreno alto, bonito
e sensual, há muito tempo deixaram de ser suficientes para recrutar os melhores
talentos para as empresas.
De fato, não existe um modelo ideal
de contratação, mas, é possível reduzir de maneira considerável o índice de
seleções equivocadas. Por experiência, penso que as dinâmicas mais sofisticadas
não conseguem neutralizar essa deficiência.
A contratação de profissionais que se sobressaem durante o processo de
seleção e, depois de admitidos, não correspondem ao esperado, é muito comum,
por várias razões, aqui não exploradas. Algumas empresas demoram em corrigir
essa falha. Executivos são orgulhosos demais para admitir o problema.
Na realidade, não é necessário mais
do que três a seis meses para saber se o profissional vai ou não abraçar a
causa da empresa, portanto, de que adianta prolongar o problema? Qual é a
dificuldade de refazer o processo e tentar novamente?
Onde está o problema, então? Está na
cultura da gestão de pessoas. Existem duas coisas que não nos ensinaram desde a
mais tenra infância: lidar com dinheiro e lidar com pessoas, razão pela qual a
situação financeira da maioria é caótica e o relacionamento nem se fala.
A falta de uma política voltada para
a gestão de pessoas, no sentido prático, é um dos principais fatores que
contribuem para as seleções equivocadas e o não aproveitamento dos talentos
existentes dentro da própria organização.
Dessa forma, uma política séria de
recursos humanos deve levar em consideração todos os fatores a seguir
relacionados. Desculpe a dureza das palavras, mas, qualquer coisa fora isso não
traz resultados efetivos:· Estrutura organizacional bem definida.
· Matriz de responsabilidades bem definida.
· Processo de seleção e admissão criterioso.
· Programa de integração.
· Treinamento e desenvolvimento constante.
· Plano de Cargos e Salários + Benefícios compatíveis.
· Critérios de avaliação bem definidos.
· Autonomia das lideranças em todos os níveis.
Antes de responder a pergunta que
serve de título para esse artigo, vale a penar refletir sobre outra questão:
por que algumas empresas não encontram os profissionais que tanto procuram?
Alguns insights para ajudá-lo na resposta:
·
A política de recursos humanos não existe; quando existe, há sempre um diretor
ou gerente que se acha no direito de abrir uma exceção e isso contamina o
processo.· Algumas empresas nem sabem o que significa Política de RH; outras acham isso uma grande bobagem.
· Os gestores encontram tempo para tudo, menos para fazer gestão de pessoas.
· Existem empresas que simplesmente ignoram a gestão de pessoas.
· Os líderes não são treinados para avaliar pessoas.
· O processo de admissão não tem consistência alguma.
· Os objetivos não estão claros e as pessoas são "largadas" literalmente no seu local de trabalho.
· Não existe programa de desenvolvimento de talentos internos.
· O negócio está dando muito dinheiro e algum alienado acha que isso pode dispensar a necessidade de treinamento; além de tantos outros.
Agora sim, respondendo a questão do
título, como encontrar as pessoas certas para a sua empresa? Primeira dica:
elas não estão na concorrência. Segunda dica: elas estão dentro da sua própria
empresa.
Que tal adotar os seguintes
critérios?· Comece envolver e a responsabilizar os gestores durante o processo de seleção, interna ou externa, e de avaliação até que o profissional se estabilize.
· Indicação vale, mas, independentemente disso, torne o processo mais transparente e profissional possível. Se indicação fosse suficiente, o serviço público seria uma beleza.
· Adote processos de avaliação que levem em conta tanto os fatores comportamentais quanto os resultados; as pessoas precisam saber o que vão fazer, como devem fazer e o que vai acontecer se não fizerem; não precisa xingar nem reclamar nem falar mal do profissional no corredor, basta ser claro em relação ao desempenho.
· Nenhuma empresa acerta todos os processos de admissão. Se, apesar de ter tomado todos os cuidados e de ter feito as avaliações etc., o profissional não corresponder às expectativas, corrija o processo rapidamente e parta em busca de nova opção.
· Dê oportunidades para as pessoas da sua própria empresa; muitos talentos estão deslocados da sua vocação natural e, ao promover a seleção interna, você concede a si mesmo o direito de corrigir algumas deficiências do processo original de admissão.
· Deixe de se iludir e carregar as pessoas nas costas. Em todas as empresas, existem poucas pessoas comprometidas. A maioria não está nem aí para o negócio e uma boa parte não vê a hora de a aposentadoria chegar. Como líder, gerente, empreendedor ou empresário, você tem o direito de tentar novamente.
Contratar e reter talentos (modismo
puro) exige cultura voltada para a gestão de pessoas e comprometimento efetivo
das lideranças como o monitoramento dos resultados de todos os profissionais a
serviço da empresa, periodicamente, e não apenas uma vez a cada cinco anos,
quando se faz.
Por fim, lembre-se, nenhum
profissional vindo de fora conseguirá suprir a deficiência gerada pela falta de
processos, de políticas, de normas e procedimentos instituídos para todas as
áreas e para todos os níveis hierárquicos da empresa.
Por Jerônimo Mendes
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