A partir de
então, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), criado pelo Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) em 2005, tornou-se responsável pela tradução e
ajustes das normas do IASB, adaptando-as, quando necessário, à realidade
brasileira.
Os
benefícios da adoção destes padrões na elaboração e divulgação de demonstrações
contábeis e financeiras hoje são um consenso em nosso país, onde perto de 49
mil organizações contábeis possuem registro no CFC.
Pesquisa da
Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de
Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon) aponta que estes
escritórios têm, em média, nove funcionários (440 mil empregos gerados) e 78
clientes cada, o que os faz responder, em conjunto, por demonstrações
contábeis, cálculo de tributos e o cumprimento de obrigações acessórias de nada
menos que 3,8 milhões de empresas.
Com um
intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 1,12%, o estudo expõe, em
contrapartida, indícios preocupantes quanto à profissionalização da gestão
dessas empresas. Mostra, por exemplo, que 67% delas não realizam pesquisas de
satisfação com os clientes e 85% jamais implantaram qualquer programa de
qualidade.
Um outro
levantamento, realizado por mim pouco tempo atrás, amplifica este cenário
intrigante. Quase 70% dos empresários do setor declararam que um de seus
principais diferenciais é o cumprimento rigoroso das obrigações
acessórias. Chama igualmente a atenção o fato de apenas 19% estabelecerem plano
de ações estratégicas e realizarem seu monitoramento periódico, enquanto
22% afirmam possuir indicadores de resultados definidos e controlados.
Conclusão: ainda são poucas as organizações contábeis gerencialmente maduras e
atentas de fato às questões estratégicas do seu negócio.
A observação
prática dessa realidade mostra que, mesmo tendo evoluído significativamente os
modelos contábeis por aqui adotados, nossas prestadoras de serviços da área
ainda estão longe de incorporar ao seu cotidiano práticas de gestão globalmente
consagradas.
Para que
isto de fato ocorra, todo empresário do setor precisa assumir o papel de líder empreendedor
sem descuidar dos aspectos técnicos, como de resto é desejável em todo tipo de
atividade.
A adoção de
metodologias que levem à excelência na gestão é fator imprescindível à
sustentabilidade das organizações, seja qual for sua natureza ou porte. Planejamento
estratégico e mercadológico, modelagem de negócios, gestão de relacionamento
com os clientes, custeio baseado em atividades, marketing digital, gestão de recursos
humanos e inovação em processos e serviços são algumas das principais.
Também não
faltam ferramentas objetivas para fomentar tal cultura. Dentre elas, Business Model Generation (Canvas), Design
Thinking, Balanced Scorecard (BSC), Customer Relationship
Management (CRM), Net Promoter Score (NPS), Guestology, Solution
Selling, Social Media Marketing e Activity-Based Management (ABM). Essas técnicas, contudo, ainda
são familiares a uma minoria, devendo incorporar-se com urgência ao
cotidiano dos demais.
Afinal, o
Brasil vem se destacando na vanguarda mundial ao adotar padrões globais de
contabilidade, e não seria coerente ficar para trás no aspecto empreendedorismo
neste segmento. Nos dias atuais, camarão que não inova a onda leva. Quem duvida
pode mudar de ideia facilmente ao analisar melhor o reboliço causado por WhatsApp,
Uber e Netflix em seus respectivos mercados de atuação.
Autor: Roberto
Dias Duarte
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