O modelo de orçamento base zero pode ajudar na tarefa e
ainda gerar 17% de economia
Uma rede de supermercados
apostou na expansão orgânica e abriu várias lojas. Tudo parecia bem, mas o
endividamento avançou de maneira alarmante. E, para piorar, algumas unidades
inauguradas não atingiram a receita esperada. A situação se complicou a ponto de
credores executarem garantias, como o patrimônio dos acionistas. O futuro da
empresa estava seriamente comprometido e era preciso uma virada radical. Essa
virada ocorreu com a implantação do orçamento base zero (OBZ), um modelo que
não considera o histórico das atividades e despesas, mas é feito a partir do
zero, e com a necessidade de justificar cada despesa.
O exemplo é real e ocorreu em
uma rede atendida pela consultoria Falconi, cujo nome não pode ser revelado por
sigilo contratual. "O trabalho reduziu gastos, reverteu a geração de caixa
e garantiu a sobrevivência da empresa", diz Flávio Boan, sócio-diretor da
Falconi. Com a casa arrumada, o supermercado conseguiu um sócio estratégico,
que entrou no negócio ao constatar que as condições tornaram-se propícias.
Esse exemplo bem-sucedido do
setor supermercadista repete o sucesso que empresas de diversos ramos tiveram
com a implantação do OBZ. Um dos casos mais conhecidos é o da fabricante de
bebidas Ambev, considerada referência em corte de gastos e eficiência.
Flávio Boan explica que,
enquanto o orçamento tradicional é feito de maneira incremental, tendo como
base o ano corrente e acrescendo-se previsão de inflação e recursos para novos
projetos, o OBZ requer a checagem de tudo o que é feito dentro de cada setor.
"Uma das grandes vantagens é questionar os gastos de forma eficiente. Pode
ser aplicado em qualquer empresa, em relação a todos os tipos de gastos, exceto
de mercadoria vendida", explica. No OBZ, é avaliado o custo de cada
procedimento, como reposição de produtos, relatórios mensais de prevenção de
perdas, emissão de faturas, etc. Com isso, muito do que era feito
automaticamente pode ser questionado. "Há casos em que uma área mantém
duas pessoas trabalhando para gerar relatórios que foram pedidos lá atrás por
um gestor, mas que não são importantes. Ao mesmo tempo a empresa também conta
com apenas dois profissionais para comprar categorias de produto
fundamentais", exemplifica o sócio-diretor da Falconi. Distorções como
essas aparecem na implantação do OBZ e podem ser corrigidas.
O OBZ é uma forma eficiente de
reduzir despesas num cenário de queda de receita ou de margens brutas, por isso
costuma atrair a atenção de muitos empresários em momentos de crise, como o
atual. No entanto, Flávio Boan garante que pode ser importante mesmo em
momentos de receitas estáveis ou até crescentes, para fazer frente a
concorrentes que crescem em ritmo acelerado. "É uma ferramenta de
sobrevivência, mas também pode ser fonte de recursos", esclarece o sócio-diretor
da Falconi.
Na implantação do OBZ, é
fundamental o comprometimento e a participação da cúpula da empresa, conforme
lembra Luís Felício, sócio da Galeazzi & Associados. Afinal, começar um
orçamento do zero significa mudar a cultura orçamentária da organização,
podendo haver certo desconforto e resistência inicial. O primeiro passo é a
presidência fazer uma carta diretriz com as metas de receita, margem, patamar
de despesa, etc. A partir dessas metas se inicia a análise das atividades de
cada setor e se constrói o orçamento. "É como se colocássemos um preço em
cada atividade. No RH, por exemplo, quanto custa fazer a folha de pagamento,
quanto custa demitir funcionários?", exemplifica Felício. A análise vai
revelar toda as despesas e a vantagem de cada uma delas para a organização.
"É um orçamento em camadas, sempre considerando o custobenefício para a
companhia", explica Sergio Cesari, sócio da Galeazzi & Associados.
Todos os gastos são classificados por nível de prioridade e discutidos primeiro
dentro de cada diretoria e depois em reunião conjunta com a presidência. É a
hora de definir o que fica. "Muitas coisas vão deixar de ser feitas porque
nunca deveriam ter sido feitas", resume Luís Felício. Ou seja, vários
itens serão excluídos, entrando no orçamento apenas os recursos mínimos para
que a empresa continue funcionando, além de recursos que adicionam qualidade,
agilidade e valor à operação, e contribuem para diferenciar a empresa no
mercado.
Segundo a Galeazzi &
Associados, o processo costuma demorar quatro a cinco meses. Depois de
realizado, não é preciso repetir anualmente – por ao menos três ou quatro anos
a empresa passa a fazer orçamentos comuns a partir da base orçamentária
definida pelo OBZ. "É comum observarmos redução de 17% nas despesas",
afirma Luís Felício, lembrando que esse índice varia muito de uma empresa para
outra. Na visão da Galeazzi & Associados, orçamento base zero é mais
indicado a companhias com nível de despesa superior a R$ 200 milhões.
As consultorias que implantam
OBZ treinam e acompanham as equipes durante o processo. Algumas incluem no
pacote softwares específicos para organizar o lançamento das despesas. Para
Cláudio Ulysses, professor de ciências contábeis do IBMEC-RJ, além do benefício
principal, que é o corte de despesas, o OBZ melhora também a integração entre
as áreas, o que fortalece a companhia. "Quando bem feito, os departamentos
e os gestores passam a se comunicar melhor e a trabalhar juntos em muitos
momentos ou projetos", afirma. Cláudio Ulysses lembra que, ao perceber a
necessidade de enxugar gastos, muitas empresas partem logo para o corte de
funcionários, o que costuma gerar insegurança e perda de produtividade nas
equipes. "Em vez disso, o orçamento base zero é uma das ferramentas para
cortar despesas sem ter impacto nas atividades", completa o professor do
IBMEC-RJ.
ORÇAR DESPESAS DO ZERO
O
orçamento é construído a partir de uma base zero e da análise do
custo-benefício das atividades e despesas. Ou seja, não considera a base
histórica
- Assegura
a correta alocação dos recursos com base nos objetivos definidos na estratégia
da empresa
- É
desenvolvido de forma participativa, com intensa comunicação entre as
áreas para garantir alinhamento
Objetivos
- Que os
recursos sejam alocados conforme as prioridades da organização
- Estimular
adequadas análises orçamentárias, técnicas de planejamento e comunicação em
todos os níveis
- Controlar
o crescimento de despesas de administração, vendas, pessoal e custos
relacionados, bem como encontrar oportunidades para redução de gastos em geral
- Utilização
eficiente dos recursos
Conceitos básicos
- Limiar:
corresponde à entrada no orçamento apenas dos recursos mínimos para a empresa
continuar funcionando
- Pacotes
de decisão (incrementos): orçamento de todos os recursos que possam adicionar
qualidade, agilidade e valor ao serviço/operação. Os incrementos são
organizados por prioridades, para o atingimento das metas da companhia
- Priorização:
quando gestores das áreas propõem seus orçamentos, os recursos são priorizados
por meio de um processo de votação. Isso considerando-se as metas estabelecidas
pela empresa para o próximo período
Fonte: Galeazzi & Associados
Curso Orçamento Base Zero (OBZ)
ResponderExcluirReduzindo Custos de uma Forma Inteligente com Orçamento Base Zero
Atinja suas metas de EBITDA e retorno esperado utilizando o OBZ
O OBZ (Orçamento Base Zero) é uma metodologia criada nos Estados Unidos que permite identificar processos desnecessários e priorizar atividades com isenção, compartilhando com todos os níveis de gestão da empresa o que será aprovado. A aplicação do OBZ melhora a governança corporativa, chamando a atenção dos gestores para a duplicidade de esforços entre os diversos departamentos, oferecendo informações detalhadas sobre risco e retorno, estabelecendo controles mais rigorosos de despesas e identificando oportunidades ainda não exploradas. A documentação gerada para formação do orçamento garante transparência e exposição às oportunidades.
Leia mais: http://www.propagartraining.com.br/agenda/detalhes/orcamento-base-zero-obz-reduzindo-custos-de-uma-forma-inteligente/