Ano após ano, Business Intelligence (BI) vem se mantendo
entre as prioridades de tecnologia do mundo corporativo. E com a expansão do
uso dos diversos recursos de mobilidade pelas empresas, esse tipo de solução
ainda se manterá um bom tempo no topo da lista dos projetos de TI.
Uma das provas disso é da companhia Life Technologies,
multinacional do ramo de ferramentas para biotecnologia. Antes mesmo finalizar
o desenvolvimento de sua primeira aplicação de business intelligence, o
vice-presidente de arquitetura, aplicações globais e testes da companhia, Manoj
Prasad, já se debruça no desenvolvimento da próxima versão.
Tamanha ênfase é justificada pela importância da aplicação. O
objetivo de Prasad é que toda a equipe de vendas, com 800 profissionais que
trabalham em campo, tenham acesso a informações detalhadas das ferramentas
comercializadas pela Life Technologies, cujo público é formado por
pesquisadores científicos.
Em uma definição rápida, sistemas de BI lidam com quantidade
muito grande de dados e conseguem resumir tudo em formulários, como gráficos,
para análise sofisticada de tendências de negócios. Fazer com que essa
ferramenta adapte-se à mobilidade, usando o poder dos dispositivos móveis -
como smartphones e tablet PCs -, pode fazer com que a empresa interaja em tempo
real com clientes e parceiros, aprimorando serviços e turbinando negócios.
“Todas as companhias vão acabar indo para o caminho da mobilidade”, prevê
Prasad, argumentando que o avanço dos equipamentos acelera essa tendência.
A movimentação das empresas rumo à mobilidade, aliás, já era
identificada há dois anos, antes da crise. Um estudo realizado pela empresa de
análise Aberdeen Group identificava que 78% das companhias queriam ter BI
móvel, enquanto 17% estavam em processo de implementação. “Mas a recessão veio
e adiou esses investimentos”, conta o analista da Aberdeen, David Hatch.
O que a crise não interrompeu foi a produção de equipamentos
móveis altamente sofisticados, como o iPhone, iPad e os telefones baseados em
Android. “Agora há equipamentos realmente portáteis que lidam com a
complexidade do BI”, diz Hatch.
A resposta das empresas está sendo agressiva. Uma pesquisa da
Aberdeen, de maio deste ano, mostra que 23% das companhias já tiraram os planos
do papel e possuem algum tipo de aplicação BI móvel implementada e outros 31%
querem ter a ferramenta implementada até 2011. Segundo o também analista da
Aberdeen, Andrew Borg, elas procuram por soluções para tomadas de decisões em
tempo real, eficiência operacional, fluxo de trabalho flexível e melhoria da
capacidade de resposta aos clinetes.
São esses os benefícios que atraem a Life Technologies e que
fez com que BI móvel se tornasse em prioridade para a companhia. O desafio é o
de tirar dados das soluções SAP Business Objects e Cognos, da IBM, e colocar
nos aparelhos Blackberry e iPhone.
Para viabilizar isso, o time de TI da Life sugeriu o
aplicativo de visualização Roambi, da empresa norte-americana Mellmo, e o
testou com dois relatórios relacionados a vendas. E “Na demonstração, o
resultado animou o CIO e os usuários”, diz Prasad.
Uma versão de testes já está rodando em 50 iPhones da
companhia, mas a plataforma utilizada ainda não funciona com os aparelhos
BlackBerry, o que deve ser resolvido com a versão móvel do Cognos.
Mas não é só a força de vendas que vai se beneficiar, segundo
Prasad. A área que o executivo comanda desenvolve uma estratégia móvel para
toda a companhia, com uma ênfase especial em BI.
Empresa mostra maturidade
Se a Life Technologies apenas está começando na área do BI
móvel, a Fraport AG, empresa que administra vários aeroportos, incluindo o
gigante Aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, começou o trabalho há seis anos e
já vive uma situação de uso pleno da ferramenta.
O objetivo inicial era distribuir dados sobre o aeroporto,
como partidas e chegadas de vôos, tempo de espera para procedimentos de
segurança e razões para atrasos. Em 2008, já haviam dados disponíveis em
plataforma móvel para 100 gerentes do aeroporto. Dois anos depois, já são 800
funcionários que acessam informações tratadas com o sistema de BI da companhia
de softwares analíticos SAS. “Quando os gestores obtém a informação exata
exatamente na hora em que necessitam delas, as decisões só ficam mais
precisas”, diz o gerente sênior de sistemas de negócios da Fraport AG, Dieter
Steinmann.
Procedimentos diários exemplificam as vantagens: antes, os
gerentes do aeroporto responsáveis por levantar com as empresas aéreas as
razões para os atrasos tinham que voltar ao escritório, procurar os dados e
repetir encontros. Não é comum que eles levem laptops para as reuniões.
Mas eles carregam aparelhos BlackBerry. E agora conseguem
puxar dados instantaneamente, incluindo o histórico da companhia aérea
específica. Com respostas imediatas, os gerentes passaram a agir com mais
eficiência para resolver rapidamente os problemas.
Steinmann disse que o trabalho para chegar a esse ponto foi
relativamente pequeno: um pouco de programação em XML que foi feita por um
trainee que usava o trabalho como parte de sua dissertação de mestrado. “Foi
rápido e não muito caro”, garante o executivo, que destaca também o prestígio
que a eficiência da solução atribui ao departamento de TI.
Futuro promissor
A aplicação da Fraport é um exemplo do que pode se tornar um
grande fenômeno. “A tendência é que o mercado ganhe um vasto portfólio de
aplicativos para departamentos de vendas e de serviço em campo”, diz o analista
do IDC, Stephen Drake.
Na análise do profissional, o BlackBerry continuará sendo
usado nesse contexto, mas a ênfase dos desenvolvedores será para aparelhos como
o iPad, tablet da Apple, e telefones mais poderoso, como o HTC Evo, cuja tela
maior e de alta resolução facilita a visualização de dados analíticos em forma
de gráficos.
O futuro também reserva soluções de todos os grandes
fabricantes. Líderes como SAP, IBM e SAS já deixaram bem claro que caminham na
direção da mobilidade em eventos recentes. Sem contar as diversas startups da
área e os avanços das redes de telecomunicações, que empurram ainda mais a
adoção. “O uso dessas soluções não era possível nas redes 2G”, diz Drake.
Agora, mais do que viável, é um caminho sem volta.
Por Computerworld (EUA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário