O Príncipe trata-se de um conjunto de instruções, dadas por Maquiavel ao príncipe Lorenzo de Médici, sobre a melhor forma de governar, ou seja, trata claramente de autoridade e liderança. Nos princípios expostos pelo autor, se encontra muito do que as teorias da Administração pregam. E é sobre essa relação que desejo tratar.
Começando
pela teoria da Administração Científica de Taylor, onde uma das suas afirmações
é a de que deve haver uma interação amigável entre os gestores e os
trabalhadores, mas com uma clara separação dos deveres entre uns e outros, o
que condiz com que Maquiavel trata no seguinte trecho: "Os romanos,
nas províncias de que se assenhorearam, observaram bem estes pontos: fundaram
colônias, conquistaram a amizade dos menos prestigiosos, sem lhes aumentar o
poder (...). E quem não encaminhar satisfatoriamente esta parte, cedo perderá a
sua conquista e, enquanto puder conservá-la, terá infinitos aborrecimentos e
dificuldades."
É
notável que o que o autor afirma no referido trecho é um conselho valioso para
os líderes de hoje, ou seja, a amizade entre eles e os subordinados é benéfica
para o clima organizacional, desde que não se deixe que por essa amizade os
subordinados passem a ter um poder que não lhes é devido, pois tal atitude leva
a perda da autoridade do líder e ao fracasso sua liderança.
Também
pode-se notar a relação do que o autor descreve com a teoria das necessidades
de Maslow, pois o autor deixa claro que o príncipe (gestor, líder) deve suprir
as necessidades de seus súditos (subordinados e/ou colaboradores) desde as mais
básicas, como as fisiológicas, assim como as de segurança (o povo deve sentir-
se protegido, caso o território venha a ser atacado), as
sociais (proporcionando a possibilidade da diversão e interação do povo como
lê- se em: "Além do mais, deve, nas épocas próprias do ano, dar ao povo festas e
espetáculos."), as de estima (notável em:" Do mesmo
modo, deve um príncipe mostrar-se amante das virtudes e honrar aqueles que se
destacam numa arte qualquer.") e as de auto-realização (que
muitas vezes, são satisfeitas através do reconhecimento, ou seja, quando
individuo nota que está se desenvolvendo bem).Sendo o dever de realizar tais
ações, reafirmado no seguinte trecho: "E, porque toda cidade está dividida em corporações de artes ou
grupos sociais, deve cuidar dessas corporações e desses grupos, reunir-se com
eles algumas vezes, dar de si prova de humanidade e munificência, mantendo
sempre firme, não obstante, a majestade de sua dignidade, eis que esta não deve
faltar em coisa alguma."
Do
mesmo modo, percebe-se que Maquiavel demonstra a importância da motivação
através do reconhecimento dos súditos (subordinados), pois firma o
comportamento desejado para que se obtenha os resultados necessários ao
crescimento do principado (empresa); como ele expõe no trecho a seguir: "Ao mesmo
tempo, deve animar os seus cidadãos a exercer pacificamente as suas atividades
no comércio, na agricultura e em qualquer outra ocupação, de forma que o
agricultor não tema ornar as suas propriedades por receio de que as mesmas lhe
sejam tomadas, enquanto o comerciante não deixe de exercer o seu comércio por
medo das taxas; deve, além disso, instituir prêmios para os que quiserem
realizar tais coisas e os que pensarem em por qualquer forma engrandecer a sua cidade
ou o seu Estado."
Enfim,
O Príncipe como se pode ver é um livro atual, e apesar de aparentemente tratar
de apenas um tema, seus ensinamentos tem inúmeras aplicações em vários âmbitos
do nosso cotidiano, especialmente no mundo corporativo.
Fonte:
Administradores
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