A estimativa é do advogado Alexandre
Atheniense, sócio do Aristoteles Atheniense Advogados e especialista em
tecnologia da informação. Segundo ele, a diminuição é com o gasto em papel e
também com armazenagem e transporte dos processos. A porcentagem pode subir.
“Na medida em que os tribunais implantarem o processo eletrônico, a economia
será muito maior”, diz.
Hoje, os tribunais superiores do País
caminham para a total virtualização, mas a realidade é diferente na Justiça dos
estados, que concentram maior volume de ações do Brasil. Apenas 1% das unidades
de São Paulo trabalham com processo eletrônico, segundo dados de 2009.
A redução do tempo de trabalho,
segundo o advogado, também dependerá dos tribunais. “Escritórios que trabalham
no STF e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em que quase todas as
tramitações serão digitais, terão um ganho de tempo de 40% a 50%”, diz.
Daniel Alves Ferreira, do Mesquita
Pereira, Marcelino, Almeida, Esteves Advogados, ressalta o ganho com espaço.
Segundo ele, havia no escritório uma área de 115 m² para armazenamento de
arquivos e, com a digitalização, caiu para apenas 25 m².
Responsável pela gestão
administrativa do Tostes e Associados Advogados, escritório que já digitalizou
cerca de 40% de seu acervo, Adriano Siciliani confirma o grande investimento da
banca com tecnologia. “Hoje, temos uma quantidade enorme de softwares em uso e
investimos em máquinas para fotografar os processos”, diz. Um dos serviços
diferenciados é o Tostes on-line, página da internet em que os clientes podem
ver o andamento de seus processos, mas com uma linguagem mais acessível, sem o
famoso “jurisdiquês”.
O diferencial é vital, segundo Daniel
Ferreira, em tempos de “concorrência desleal nos valores de honorários”.
“Deve-se agregar valor. Hoje, temos casos em que o escritório alimenta o
sistema das próprias companhias clientes”. O escritório tem uma ferramenta que
possibilita a votação eletrônica para acionistas de companhias de capital
aberto.
Advogado especialista em internet e
tecnologia, Marcel Leonardi, do escritório Leonardi Advogados, lembra que,
hoje, o principal investimento dos advogados deve ser com a obtenção da
certificação digital, espécie de identidade eletrônica dos advogados,
obrigatória para o peticionamento virtual. Em São Paulo, de acordo com
Leonardi, o custo é de R$ 100 por advogado por três anos. O investimento é
justificado: segundo dados da seccional paulista da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), do total de 250 mil advogados inscritos na capital, apenas de 15 mil
a 20 mil possuem a certificação (apenas 7% do total).
MudançasAs novas classes processuais exclusivamente eletrônicas do Supremo possibilitarão o fim de 707 deslocamentos de processos físicos por dia e 943 juntadas de documentos. Segundo o Tribunal, o tipo de recurso que mais sobrecarrega o STF é o agravo de instrumento, que, sozinho, representa 60% do volume de processos. Ele foi escolhido para a próxima etapa do peticionamento eletrônico. A mudança trará uma economia de R$ 115 mil por ano em papel. Outros R$ 48 mil serão economizados com capas e etiquetas, R$ 138 mil com mão de obra e R$ 151 mil com serviços de correio.
Mas não é só a mais alta Corte do
Judiciário que aceitará apenas recursos virtuais. A partir de hoje, o Tribunal
Superior do Trabalho (TST) opera exclusivamente com processo digital. Isso
inclui as ações ajuizadas no TST e os recursos enviados pelos Tribunais
Regionais. O processo eletrônico deve trazer uma economia anual de R$ 11
milhões, entre despesas com correios, terceirizados, mensageiros, papéis e
materiais relacionados à existência de processos em papel. Todas as petições
iniciais de processos encaminhados ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também
só poderão ser feitas por via eletrônica.
“Os tribunais estão em processo de
mudança e isso vai impactar na forma como se exerce a advocacia”, afirma
Atheniense. “O processo eletrônico vai trazer uma economia brutal para o
escritório e o cliente”, conclui Leonardi.
Fonte: DCI
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