E
então estamos aqui, diante, mais uma vez, de uma palavra da língua inglesa para
determinar qual o modismo da vez em gestão, correto? Sinto dizer, mas não desta
vez. Apesar de parecer mais um dos neologismos do mundo da gestão empresarial,
que cria nomes rebuscados para questões que já conhecemos, o termo Compliance,
de forma simples e direta, deriva do verbo em Inglês “to Comply (with)”, e diz
sobre a qualidade de alguém ou algo que está de acordo (ou em conformidade) com
direcionamentos, normas, procedimentos, especificações ou legislação vigente.
Dentro das organizações, Compliance é a estrutura que faz a gestão dos assuntos
relacionados à ética, aos valores, ao cumprimento de leis e políticas internas,
entre outros, visando a uma boa governança e à proteção da reputação da
organização.
Isto
posto, cabe aqui fazemos um paralelo com outro conceito, este nascido na década
de 1980: o de Fator Competitivo, ou Vantagem Competitiva. O termo foi cunhado
por Michael Porter, renomado autor e teórico americano sobre estratégia. Em
suma, sua teoria dizia que as organizações (e nações) deveriam buscar o
desenvolvimento de produtos de alta qualidade para serem vendidos por preços
mais altos que os dos concorrentes. E isso aconteceria quando uma organização
desenvolve um atributo ou combinação destes que a permitiria se sobressair
frente à concorrência.
Passadas
três décadas desde a criação de Porter, podemos hoje nos apoiar neste conceito
no que tange aos fatores ou atributos que diferenciam empresas e organizações
em plena segunda década do século XXI. O conceito, que à época centrava o
diferencial na qualidade (dos produtos), hoje passou a ser premissa para a
permanência destes produtos no mercado. A evolução das tecnologias permitiu
este salto e o diferencial pela qualidade perdeu o apelo.
Contudo, acompanhamos hoje o nascimento de um novo fator de competitividade organizacional, proveniente de uma questão muito mais antiga e basal do que a Vantagem Competitiva definida por Porter. Este novo fator de competitividade, ou o que virá a diferenciar e selecionar as organizações, até num sentido Darwiniano de continuidade de existência, está diretamente ligado aos valores da organização e como estes valores geram e retroalimentam uma cultura ética na organização.
Contudo, acompanhamos hoje o nascimento de um novo fator de competitividade organizacional, proveniente de uma questão muito mais antiga e basal do que a Vantagem Competitiva definida por Porter. Este novo fator de competitividade, ou o que virá a diferenciar e selecionar as organizações, até num sentido Darwiniano de continuidade de existência, está diretamente ligado aos valores da organização e como estes valores geram e retroalimentam uma cultura ética na organização.
Tomando
os valores da organização como os pilares que sustentam e norteiam as tomadas
de decisão desde a alta cúpula até a base da organização, inevitavelmente
falamos aqui de sinônimos de ética, honestidade, honradez, integridade, além de
outras palavras relacionadas ao sucesso da organização, mas que não são
divergentes das primeiras.
Estes
valores estão a serviço de uma demanda crescente da sociedade, de órgãos
reguladores, dos acionistas, de consumidores, de órgãos reguladores e dos
próprios trabalhadores (os chamados Stakeholders) que cada vez mais,
supervisionam, escolhem onde querem atuar e o vão consumir, balizados por um
senso crescente de que seu trabalho e aplicação de recursos deve ser consoante
com seus valores pessoais, ou que o trabalho não agrida seus princípios.
Portanto,
não entendo ser utopia dizer que assistimos ao alvorecer de uma nova era da
gestão empresarial, onde uma gestão orientada por valores está para se
transformar em uma fortaleza a ser premiada por uma sociedade que irá optar,
cada vez mais, por organizações que atuem de maneira ética com seus clientes e
funcionários, com a comunidade do entorno, com o meio ambiente, que respeite as
leis. E o contrário também é válido: estes mesmos atores começarão a punir as
organizações que caminham no sentido contrário. A começar por reguladores
internacionais, como o Departamento de Justiça e a Security Exchange
Commission, órgãos Americanos que seguem crescentemente condenando empresas ao
redor do mundo com multas e acordos, por vezes bilionários, em relação aos
casos de corrupção envolvendo agentes públicos, com base na lei americana
anticorrupção no exterior (FCPA).
Ainda nesta linha, acionistas e investidores, escolherão, cada vez mais, organizações éticas pela segurança que trazem ao seu capital; por estarem menos sujeitas e escândalos que envolvam corrupção e outras intempéries que corroem o valor financeiro de suas investidas, trazendo severos prejuízos aos seus bolsos. E, por fim, mas não menos importante, um ambiente ético que valoriza e respeita as pessoas seguirá atraindo os melhores talentos, profissionais que queiram associar sua imagem e reputação ao colocarem seu conhecimento e engajamento em prol de organizações que atuem alinhados com seus próprios princípios. E como uma empresa é feita de gente, esta associação gera um engajamento diferenciado destes talentos, proporcionando uma atuação também diferenciada, criando um ciclo virtuoso. E obviamente lucro, pois, em nenhum momento uma gestão orientada por valores está dissociada da força motriz que torna estas organizações perenes no cenário empresarial.
Ainda nesta linha, acionistas e investidores, escolherão, cada vez mais, organizações éticas pela segurança que trazem ao seu capital; por estarem menos sujeitas e escândalos que envolvam corrupção e outras intempéries que corroem o valor financeiro de suas investidas, trazendo severos prejuízos aos seus bolsos. E, por fim, mas não menos importante, um ambiente ético que valoriza e respeita as pessoas seguirá atraindo os melhores talentos, profissionais que queiram associar sua imagem e reputação ao colocarem seu conhecimento e engajamento em prol de organizações que atuem alinhados com seus próprios princípios. E como uma empresa é feita de gente, esta associação gera um engajamento diferenciado destes talentos, proporcionando uma atuação também diferenciada, criando um ciclo virtuoso. E obviamente lucro, pois, em nenhum momento uma gestão orientada por valores está dissociada da força motriz que torna estas organizações perenes no cenário empresarial.
Para
concluir meu raciocínio a partir das ideias iniciais do texto: Compliance,
enquanto instrumento que zela pela conformidade de normas, políticas, pelos
valores corporativos e pela prática da ética empresarial, está se consolidando
como um forte fator de competitividade e diferenciação em um novo mercado
marcado por escolhas de consumo e investimentos e, de outro lado, multas
astronômicas por não observância de leis poderão determinar a perenidade ou não
das organizações que hoje conhecemos, locais ou globais.
E a
sua empresa, ainda enxerga esse tal do Compliance como modismo de gestão?
Por Claudio
Scatena
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