“Em 2015
vamos continuar tendo boas notícias”, projetou o deputado federal Cláudio Puty
(PT-PA), relator do projeto de lei complementar aprovado na semana passada, no
Senado, estabelecendo o acesso ao Super Simples pelo critério único do
faturamento – até R$ 3,6 milhões por ano – e não mais pelo ramo de atividade.
Economista, pela segunda vez ele foi relator de avanços na Lei Geral das Micro
e Pequenas Empresas.
Puty descartou uma avalanche de ações a serem
ajuizadas por segmentos enquadrados em faixas de alíquotas maiores das tabelas
do Super Simples, que vão até 17%, como acontece com as empresas de psicologia,
enquanto escritórios de advocacia com receita anual até R$ 180 mil vão pagar
4%. Há 140 novas categorias beneficiadas, a exemplo de médicos, dentistas,
publicitários, jornalistas, fisioterapeutas.
“Nós temos
um compromisso público de que em 90 dias após a publicação da Lei Geral será
enviado um projeto de lei ao Congresso propondo a revisão da tabela”, afirmou o
relator, descartando vetos aos benefícios maiores por algumas categorias. “A
tendência é a uniformização das alíquotas”, sinalizou.
O ministro da Micro e Pequena Empresa, Afif
Domingos, informou ao deputado que quatro instituições de pesquisas, entre
elas, a Fundação Getúlio Vargas, já começaram a estudar as alíquotas para
propor a revisão antes do final do ano. A presidente Dilma Rousseff tem 15 dias
para sancionar a lei.
DCI:
Especialistas antecipam uma avalanche de ações na Justiça em razão da nova
tabela criada para a inclusão do setor de serviços no Super Simples. Isso
porque estabelece diferentes alíquotas, muitas vezes díspares, para as diversas
categorias profissionais. Por exemplo, enquanto pequenos escritórios de
advocacia com faturamento anual de até R$ 180 mil passarão a ter carga
tributária de 4,5%, as micro e pequenas empresas da área de psicologia terão
uma alíquota de 16,93%. Como isso será resolvido?
Cláudio Puty: Não acredito que isso aconteça
porque alguns setores, como os contadores, já faziam parte do Supersimples e
tinham carga tributária mais reduzida e nem por isso foram objeto de ações no
Judiciário. É claro que o ideal é que setores que ingressam no Supersimples
tivessem uma faixa de alíquotas menores e uniformes. Mas a nova tabela
apresentou alíquotas para todos, e o Congresso permitiu que alguns setores,
como advogados e corretores, tivessem alíquotas menores. Essas coisas não devem
se alterar porque nós vamos rever essas tabelas do Super Simples. Há uma
tendência de uniformização do tratamento diferenciado
DCI: Está mantida a garantia do governo de que
90 dias após a publicação da Lei Geral serão revistas as tabelas de faixas de
alíquotas do Super Simples?
CP: Nós temos um compromisso público de que em
90 dias após a publicação da Lei Geral será enviado um projeto de lei ao
Congresso propondo a revisão da tabela. Acreditamos que no final deste ano
haverá o encaminhamento de projeto de lei. O ano de 2015 promete grandes
novidades para as micro e pequenas empresas.
DCI: O senhor acha que esses benefícios que
foram aprovados para algumas categorias serão vetadas pela presidente Dilma
Rousseff, a exemplo do que foi feito em relação aos advogados e aos corretores?
CP: Eu não acredito. Porque elas [as
categorias no Super Simples] têm impacto muito reduzido. Além disso, se houver
veto, isso significaria a exclusão dessas categorias de acesso ao Super
Simples.
DCI: De modo geral, o senhor acha que o texto
aprovado deverá ter vetos presidenciais?
CP: De modo geral, o texto aprovado é
basicamente o texto encaminhado pelo Executivo. Foi acordado com o governo, com
pequenas alterações que o melhoraram, com a redução de carga tributária para
alguns setores e a inclusão de novos setores, a exemplo de refrigerantes. Eu
não acredito que haverá vetos da presidente, porque fomos fiel ao que foi acordado
com o Executivo.
DCI: Pelo lado dos estados, o presidente da
Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais
(Febrafite), Roberto Kupsk, afirmou ao DCI que a entidade vai mover ações na
Justiça contra qualquer alteração no Super Simples que afete o principal
tributo de arrecadação dos estados, o ICMS, o que pode causar perdas de R$ 10
bilhões, por causa da restrição do uso da substituição tributária. Como o
senhor avalia essa reação?
CP: Com a aprovação do projeto, eu recebi um
telefonema que, para mim, foi muito precioso. Foi do presidente do Confaz,
elogiando o texto aprovado. Portanto, se os secretários de Fazenda estão
elogiando o texto que, afinal, foi acordado com o Confaz, não vejo por que
associações de auditores teriam razão ao defender mecanismo que os próprios
secretários da Fazenda reconhecem como inadequado para micro e pequenas
empresas.
DCI: Esse telefonema foi do secretário de
Fazenda do Pará?
CP: Foi. E foi ele quem liderou as
negociações.
DCI: Essa posição não seria um pouco
contraditória com a posição manifestada por outros secretários, a exemplo do
Andrea Calabi, de São Paulo, que disse temer uma perda muito grande para os
estados com as restrições ao uso da substituição tributária?
CP: Isso me parece mais um tipo de terrorismo
fiscal, até os secretários de Fazenda participaram das negociações e o texto
foi por eles chancelado.
DCI: O mesmo presidente da Federação
Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais também disse que é
um absurdo considerar como pequena as empresas com faturamento de até R$ 3,6
milhões, que pagarão menos impostos, enquanto os assalariados pagam até 27% de
seus salários só de Imposto de Renda.
CP: Essa é a primeira pessoa que eu ouço que
critica o teto do Super Simples achando-o muito elevado. Estivemos várias vezes
no Confaz e nunca ouvi críticas ao teto de faturamento para adesão ao Super
Simples. Portanto, a voz desse senhor é absolutamente isolada. Vale dizer que
as grandes empresas optantes do Super Simples são aquelas cujo faturamento fica
em torno de R$ 1,2 milhão.
DCI: O senhor falou com os secretários
municipais de Fazenda acerca do impacto do novo Super Simples?
CP: Conversamos com a associação deles. Tinham
uma resistência porque temiam uma queda na arrecadação do IPTU. Mas, depois que
foi esclarecido, eles mesmos elaboraram o texto que foi inserido no projeto.
DCI: Então, como não há resistência no governo
federal, nos estados nem nos municípios o cenário aponta que teremos boas notícias
para os pequenos negócios em 2015?
CP: Em 2015 vamos continuar tendo boas notícias.
DCI: Além do acesso ilimitado ao Super Simples
e o fim da substituição tributária quais outros itens destacaria no texto
aprovado na Câmara. Vamos por parte, em termos de compras governamentais?
CP: Houve o estabelecimento de um piso de
compras governamentais de 20%. Também ficou estabelecido um tratamento
diferenciado nas licitações de bens e serviços.
DCI: Em relação ao Microempreendedor
Individual quais são as novidades?
CP: A principal é a proibição de cobrança de
boleto de entidades, a vedação da cobrança de IPTU comercial para
empreendedores que mantenham o próprio negócio em seus municípios, além de
diversas medidas protetivas. A vedação de exclusão do Microempreendedor
Individual em relação ao Super Simples por dívidas de obrigações acessórias.
Não aprovamos anistia. Demos um tratamento mais generoso, dando mais prazo para
que ele quite seus débitos fiscais. É um desafio para o futuro, a inadimplência
é muito alta.
DCI: Em termos de desburocratização?
CP: Não se desburocratiza por lei. A criação
do Cadastro Único Nacional e o CNPJ como identificador único das empresas são
as grandes novidades para as juntas comerciais.
Fonte: DCI – SP
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